Mais um capítulo da novela sobre o lado direito das arquibancadas do Maracanã. Na última sexta-feira, o ex-diretor executivo geral tricolor Jackson Vasconcelos afirmou que, desde a assinatura do acordo entre o consórcio e o Fluminense até sua saída do clube, em agosto de 2014, não havia nada assinado no contrato sobre a posição da torcida. Desta forma, Flu e Vasco teriam disputado quatro partidas no novo estádio, com duas vitórias cruz-maltinas e dois empates, sem nada que garantisse em contrato o setor sul ao clube das Laranjeiras. Neste sábado, o GloboEsporte.com teve acesso ao anexo que trata do assunto (veja na foto abaixo).
No documento, constam a determinação de que a torcida do Fluminense deve se posicionar no Setor Sul do estádio, a data de 10 de julho de 2013 e as assinaturas que representam o Complexo Maracanã Entretenimento S.A. e o Fluminense Football Club. O presidente tricolor Peter Siemsen afirmou que não havia necessidade de mostrar o aditivo antes e que, para que isso fosse feito, seria necessária uma requisição judicial ou um acordo entre o próprio Fluminense e o consórcio. Na noite de sexta, o clube preferiu não se pronunciar sobre o assunto, tratando-o como sigiloso. Mas neste sábado a diretoria resolveu esclarecer a questão.
- Como não houve nenhuma requisição para apresentar o contrato por autoridade judicial, e como houve um entendimento entre as duas partes (Fluminense e Maracanã) em um sentido de que deveríamos apresentar o contrato, mantivemos a confiabilidade. É um contrato entre as duas partes, o objetivo era um contrato longo, com propriedades comerciais importantes para o clube. Achamos que foi a melhor maneira de fazer as regras. A questão da loja pesou muito nesse anexo. Existia uma previsão de que fosse construído um shopping em torno do Maracanã. Isso não aconteceu, mas estamos preparando a construção da loja do Fluminense, na parte próxima a entrada do Setor Sul. Desde o início, existe um acordo entre as partes sobre o lado - explicou Peter Siemsen.
Na última terça-feira, a diretoria do Vasco entrou com uma ação na Justiça na última terça-feira pedindo para ter acesso ao contrato entre o Tricolor e o Consórcio Maracanã. Peter afirmou que o Fluminense está tranquilo e deu o assunto como encerrado.
- Estamos tranquilos. Para mim, esse assunto sempre esteve encerrado desde o início. Nunca tratei de uma maneira diferente. No antigo Maracanã, a entrada era diferente, por questões de segurança. Hoje, a logística de acesso mais segura é a que foi escolhida por nós. Nunca pensei em outra maneira. Havia uma tradição quando o Maracanã era de um jeito. Como lidar com isso? Tradições mudam. São tradições que vão se modificando ao longo do tempo, e é natural.
Jackson mantém sua posição
Procurado pelo GloboEsporte.com, Jackson Vasconcelos manteve sua versão mesmo diante da apresentação do anexo. Segundo ele, o documento sempre existiu, mas estava assinado até agosto de 2014.
- Mantenho o que eu disse em razão do que conheci. Se conseguiram, eu desconheço e fico feliz que tenha sido resolvido. Não entendo porque o Fluminense só apresentou isso agora. O clube está sendo cobrado por essa cláusula há muito tempo.
Em seu livro lançado recentemente (O Jogo dos Cartolas: Futebol e Gestão), o ex-direitor tricolor dedica um capítulo apenas à negociação com o estádio, cita o desejo pelo lado fixo e diz na página 87 que o consórcio concordou com a exigência depois de muita insistência da diretoria.
- Não faltei com a verdade o livro. Não digo que foi assinado no contrato, foi negociado apenas.
O anexo nasceu ali, foi combinado com o Consórcio Maracanã. Tanto que a gente mandou o documento depois, mas eles não assinaram. E não disseram o motivo. Quando o Mário assumiu a vice-presidência de futebol em maio, ele verificou que ainda não tinha sido assinado. Reivindicou isso e marcou uma reunião com o consórcio. Tanto não estou mentindo que o papel apresentado pelo Fluminense é um anexo, foi feito depois - explicou.