O São Paulo perdeu toda a moral na briga por Oscar.
Juvenal Juvêncio falou em aliciamento, empresários aves de rapina, sequestro.
Condenou o Internacional ao inferno de Dante.
Seu pecado, aceitar o seu jogador levado por Giuliano Bertolucci.
Procurou a Justiça Desportiva.
Reclamou a todo microfone disponível.
Esperneou.
Buscou amparo no novo presidente da CBF, José Maria Marin, seu parceiro.
Afirmava ser a maior injustiça cometida nos últimos anos.
Oscar foi tomado do São Paulo por um empresário.
Casemiro se apressou a dizer ter recebido proposta similar.
Bertolucci teria oferecido a ele R$ 1 milhão para abandonar o São Paulo.
E fazer como o meia.
Alegar que sua antecipação da maioridade foi feita à base de coação.
O São Paulo convenceu grande parte da opinião pública que havia sido prejudicado.
Perdeu um promissor jogador graças ao escudo legal talhado pelos advogados de Giuliano Bertolucci.
Atleta que ainda tinha contrato por cumprir.
Um ministro do Tribunal Superior do Trabalho ordenou que o jogador fosse reintegrado ao Internacional.
A CBF de José Maria Marin quis esclarecimentos.
E segurou o quanto pôde a reinscrição de Oscar no BID.
O que acabou sendo feito hoje e ele está livre para jogar pelo time gaúcho.
O São Paulo ainda vai recorrer.
Juvenal Juvêncio não aceita a decisão.
Os dirigentes do Internacional sabem que terão, no mínimo, de pagar ao clube paulista para acabar com a peleia.
Só que o Vasco acabou com todo o clima de injustiçado que o São Paulo assumia.
Roberto Dinamite estava com problemas com uma grande promessa na categoria de base.
Thiago Rodrigues da Silva, o Mosquito, havia abandonado o clube.
Ninguém entendia o que havia acontecido.
Ele foi o artilheiro do Sul-Americano até 15 anos.
Chegou ao Vasco depois de jogar futebol de salão pelo Fluminense e Flamengo.
Seu potencial fez com que o clube fizesse um leilão e se dispusesse a pagar R$ 2 mil mensais a ele.
Só que Mosquito no final do ano passado sumiu.
O Vasco não tem cuidado com as categorias de base.
O caso do menino que morreu, fazendo testes em um calor infernal, e sem médico no CT é um triste exemplo.
Dirigentes não foram atrás de Mosquito.
Imaginaram ser algum problema familiar.
Sua vida é difícil.
Seu pai é presidiário, quem cuida da carreira é o padrasto que rompeu com a mãe.
Situação terrível para um garoto.
Só que não havia problema familiar algum.
Muito pelo contrário.
Mosquito completou 16 anos e assinou seu primeiro contrato como jogador profissional pelo São Paulo.
Já está treinando no Centro de Treinamento de Cotia.
Se os dirigentes do São Paulo falam em aliciamento de Oscar...
Como podem classificar o que fizeram com Mosquito?
A alegação que tudo foi legal e que o garoto não tinha contrato é patética.
Se fosse assim, não haveria motivo para escondê-lo no CT de Cotia.
É a vitória da imoralidade.
Da lei do Gerson.
Da hora de levar vantagem em tudo, certo?
Não é justamente esta postura que o São Paulo protestava em relação ao Inter?
É muita hipocrisia.
A ira que dominou Juvenal Juvêncio agora irrita Roberto Dinamite.
O presidente vascaíno avisou conselheiros que vai receber pelo menos \"R$ 3 ou R$ 2 milhões\" por Mosquito.
Promete ir na Justiça, procurará a CBF, fará escândalo na imprensa.
Mas não irá aceitar essa atitude do São Paulo.
A situação é estarrecedora.
O clube do Morumbi caiu em descrédito.
Logo no dia em que Oscar foi liberado, o Vasco revela o caso Mosquito.
Renê Simões, que cuida da base do São Paulo, está envergonhado.
O que fica claro é a festa de empresários nas categorias de base.
Não há ninguém santo.
Calculistas, garotos sabem muito bem o que estão fazendo.
São orientados
Há muita malandragem.
E vista grossa da CBF.
Em poucas palavras: é uma pouca vergonha...