Na falta de bom futebol, o principal assunto deste primeiro quadrante de Campeonato Brasileiro gira em torno da orientação da Comissão Nacional de Arbitragem da CBF para que os árbitros coíbam as reclamações de jogadores e técnicos com o rigor dos cartões. O número de cartões amarelos por reclamação está batendo recordes na edição 2015 do Brasileirão, como já comentamos aqui.
Mas façamos justiça. Jogadores e treinadores estão realmente passando dos limites em suas reclamações contra as decisões soberanas dos árbitros. Vejam algumas das ofensas que a arbitragem brasileira está sendo obrigada a suportar neste Brasileirão.
Lisandro López, centroavante do Internacional, foi expulso da partida contra o Cortiba no domingo passado por ter recebido dois cartões amarelos – o segundo, por reclamação. O árbitro André Luiz de Freitas Castro não tolerou o protesto do jogador colorado, que disse as seguintes palavras: “Não foi nada, não foi para cartão amarelo. Não fiz nada, por que você fez isso?”. Lisandro López foi além em seu ato de desrespeito contra arbitragem. “Deixou o campo sem maiores problemas”, informou Castro.
Muito pior fez Gilberto, atacante do Vasco, na derrota pra a Ponte Preta em São Januário, no dia 3 de junho. Após receber um cartão amarelo por reclamação, o vascaíno proferiu ofensas absurdas contra o árbitro Heber Roberto Lopes. “Caramba, brincadeira!”, bradou Gilberto, não tendo outra alternativa o árbitro senão expulsar o jogador.
Os treinadores realmente estão passando dos limites. Imaginem que no jogo entre Corinthians e Chapecoense o treinador da equipe catarinense, Vinícius Eutrópio, reclamou com gestos (com gestos!) de uma não marcação do árbitro Marcelo de Lima Henrique. Eutrópio levantava e abaixava os braços, vejam vocês, e gritava: “Foi falta, foi falta”. Um acinte. Expulsão correta.
E o que dizer das comemorações de gol? Douglas Coutinho, do Atlético Paranaense, marcou o gol da vitória contra o Atlético Mineiro e correu para abraçar torcedores, caindo em prantos logo em seguida. O árbitro corretamente viu excesso na comemoração de gol. E Bruno Henrique, que foi além e subiu as escadas para festejar junto à torcida o gol da vitória contra o Palmeiras? Rua pra eles.
Francamente. Cartão amarelo é pouco para tamanho desrespeito. A reformulação do futebol brasileiro passa por essa necessária moralização.