A ausência de reforços de peso na última janela de transferências motivou o conselheiro Júlio Brant e seus partidários do grupo político Sempre Vasco a cobrar explicações do presidente Jorge Salgado. O principal questionamento é de como está sendo utilizado o empréstimo-ponte de R$ 70 milhões, feito pela 777 Partners, no dia 24 de fevereiro.
“Queremos entender o seguinte: qual é a destinação que a diretoria está planejando para esses recursos. Primeiro: pediu para quê? A razão do pedido está sendo cumprida? Nós não estamos vendo isso. Reforço no futebol não chegou da maneira como nós, vascaínos, esperávamos. Nós esperávamos uma equipe mais reforçada com a entrada desses recursos e não vimos isso. Então, se não foi para isso foi para quê? Afinal, qual é a destinação que será dada a esses recursos se não levar o Vasco de volta à primeira divisão do futebol brasileiro?”, questionou Júlio Brant, que completou.
“Por mais que entre a SAF, que tenha a 777 ou qualquer coisa desse tipo, ficar na segunda divisão é o pior que pode acontecer com o clube. Seja do ponto de vista financeiro, de negócio, seja do ponto de vista da paixão do torcedor. Então qualquer esforço adicional de recursos que entre no clube tem que ser obrigatoriamente direcionada ao reforço da equipe. E nós não estamos vendo isso”.
Brant fez questão de ressaltar que o movimento não é político e relembrou que o mesmo questionamento fo feito nas gestão de Eurico Miranda e Alexandre Campello.
“Temos que desmistificar isso como movimento meramente político. Fizemos exatamente isso em 2015, quando o Eurico pediu o famoso empréstimo em que ele disse que a garantia era ele. Fizemos também quando o Campello pediu empréstimo. Na época, o Adriano também era responsável pela área financeira do clube e foi ao escritório do hoje vice-presidente do Conselho Deliberativo, o Renatinho (Brito), apresentar esse racional do empréstimo. Estamos fazendo a mesma coisa agora em relação ao Jorge. Aventaram a possibilidade de ser uma perseguição política contra o Adriano (Mendes). Não tem nada disso”.
Salgado responde
Ao ser questionado sobre o assunto, o presidente Jorge Salgado mostrou indignação com a prestação de contas. O mandatário explicou que as informações serão de conhecimento público na semana que vem, após a divulgação do balancete financeiro do primeiro trimestre de 2022.
“Para mim isso é um factóide porque tudo que a gente paga com os R$ 70 milhões, vai estar no balanço do Vasco. Então não vejo nenhum motivo para a gente prestar contas antes do balanço ceder essas informações. Tudo que a gente faz no Vasco é de uma maneira muito transparente. A gente vai publicar um balanço semana que vem com mais de 70 notas explicativas. Então isso é um factóide para aparecer, não acrescenta em nada”.
Jorge Salgado chamou o movimento de picuinha e enalteceu o fato dos salários estarem em dia pela primeira vez em mais de 20 anos no clube.
“Uma vez eu escutei que o Vasco perde para ele mesmo. As pessoas em vez de estarem preocupadas em enaltecer uma série de eventos que a gente está passando, fazem essas picuinhas. Eu passei algum tempo afastado da política do Vasco, mas nem por isso fiquei com essas picuinhas. A gente tem que ter um olhar mais grandioso. Isso é um olhar muito pequeno, pedir prestação de contas de empréstimo. A gente recebeu e estamos pagando tudo que a gente tem que pagar. Conseguimos manter os salários em dia, pela primeira vez nos últimos 20 anos. Vocês noticiavam rotineiramente que o Vasco estava devendo tantos meses de salários. Acabou isso com um ano de administração”.
Com um tom mais firme na voz, Jorge Salgado reclamou das críticas que vem recebendo e destacou o acordo que está sendo feito com a 777 Partners e revelou de forma sucinta o destino do dinheiro do empréstimo.
“Estou trazendo um parceiro para o Vasco, internacional, na maior transação brasileira até hoje. São R$ 700 milhões e isso tem impacto na economia do Rio de Janeiro. Ontem eu tive com o governador e ele falou isso, o Eduardo Paes também comentou sobre isso. Então, ao invés de estarem comemorando, estão perguntando o que a gente faz com o dinheiro. Ora bolas, usamos para pagar o que deve. Só isso”.
Após o Campeonato Carioca, o Vasco contratou seis jogadores: os atacantes Lucas Oliveira (Bangu), Erick (Ypiranga-RS) e Zé Vitor (Marcílio Dias-SC), o lateral-direito Gabriel Dias (Cruzeiro), o meia-atacante Carlos Palácios (Internacional) e o zagueiro Danilo Boza (Juventude). Dos reforços, apenas Carlos Palácios demandou um investimento por parte do clube e, internamente, o jogador não é visto como uma incógnita por causa da passagem apagada pelo Colorado.