Semana "cheia" vira pesadelo no Vasco

Com um raro intervalo de uma semana para trabalhar, o discurso até horas antes da partida de sábado, em Recife, era de esperança de alcançar a ponta da tabela finalmente. Joel Santana teria um tempo livre para observar melhor as opções da equipe e consertar as falhas nos treinamentos. Mas o saldo dessa “semana cheia” foi negativo, com duas derrotas – para Santa Cruz e América-RN -, discussões em campo e reclamações entre jogadores e técnico em entrevistas após as partidas.

Com 54 pontos, o Vasco se manteve na terceira posição graças à derrota do Avaí para a Ponte Preta. E é justamente o líder da competição que o time terá pela frente no próximo sábado em São Januário. Mas dessa vez o tempo de preparação será mais curto. O time retornou da viagem nessa madrugada e só volta aos treinos na quinta – antevéspera do jogo no sábado de tarde em São Januário.

- Ainda falta campeonato. Temos 21 pontos e precisamos da metade, 11. Não é fácil 50%. Estamos com uma gordurinha, chance alta de classificar, mas hoje já diminuiu. Precisamos vencer o próximo jogo para voltar a situação que estávamos. Agora, temos de fazer nosso dever de casa bem feito – disse o treinador.

A proposta de jogo para a partida contra o América-RN era parecida àquela que o Vasco adota em São Januário. Manutenção da posse de bola, troca de passes e aproximação de meias e atacantes. Mas praticamente nada funcionou na derrota na Arena das Dunas. Um retrato das dificuldades do time em campo pôde ser observado em dois bate-bocas. Primeiro Douglas reclamou de Maxi, que foi individualista. Depois, foi a vez de Kleber também gesticular contra o uruguaio. O camisa 10 ainda deixou o gramado xingando de volta um torcedor que já o hostilizava desde a saída para o intervalo.

Antes disso, no primeiro tempo, ele e Dakson tentaram armar a equipe, mas esbarravam na marcação do América e também na falta de movimentação e velocidade da equipe. A primeira chance vascaína saiu após Douglas bater falta na cabeça de Douglas Silva, que cabeceou rente à trave. Depois disso, o Vasco chegou com perigo em lance de Dakson pela ponta direita – a jogada começou com cruzamento de Marlon na cabeça de Douglas. O meia cruzou para Kleber, que dividiu com a zaga e a bola sobrou para Pedro Ken. O camisa 8 bateu no corpo do goleiro americano, perdendo uma rara chance criada pelo time. Aos 46 minutos, Douglas ainda encontrava Marlon na área. O lateral chutou forte na trave.

Na etapa final, a entrada de Maxi na vaga de Dakson deu mais velocidade ao Vasco. Mas os dois gols atordoaram o time. E também o uruguaio, que saiu desesperado com a bola em mais de uma oportunidade, sendo cobrado por companheiros pelo individualismo. As discussões, que têm sido recorrentes nos últimos jogos da equipe, mostravam a decepção do time com a incapacidade de se recuperar na partida na Arena das Dunas.

Sem papas na língua, o atacante Kleber criticou indiretamente o técnico Joel Santana e as constantes mexidas na forma de jogar do time (veja a entrevista de Kleber após o jogo contra o América-RN). Ele lembrou que a cada momento tem um companheiro diferente no ataque. Joel rebateu e disse que algumas vezes até por conta de suspensão do próprio jogador.

Fato é que o clima, que era leve e de esperança de chegar à liderança em curto espaço de tempo, já não é tão harmônico em São Januário. Com duas derrotas em uma semana, o time volta para o Rio com desfalque de Douglas, problemas a resolver e roupa suja para lavar.
Na entrevista coletiva Joel lembrou que havia faltado vontade, referindo-se ao América como uma equipe mais briosa – “não ganhamos uma dividida”. Após a partida, Douglas Silva desabafou na mesma linha.

- Acho que por parte da gente é uma vergonha. Tem que colocar a mão na consciência. Num jogo desses eles não podem ter mais vontade do que a gente - disse o zagueiro.