Futebol

Uma hegemonia que dura duas décadas

Tricolores que hoje estão na faixa dos 35, 40 anos, lembram com saudade o tempo em que uma certa dupla, chamada de \"Casal 20\", tal a sintonia que mostrava em campo, não perdoava o Vasco. Assis e Washington, com o auxílio luxuoso do paraguaio Romerito, venceram muitas vezes o tradicional rival. Uma delas, inclusive, era a decisão do título Brasileiro de 84, que o Fluminense conquistou.

Foi a última vez que o Tricolor levantou uma taça em competições nacionais. Ali também estava para acabar uma escrita que durava muito mais tempo. Até o final dos anos 80, o Vasco era freguês de carteirinha. E o time das Laranjeiras tinha uma vantagem de seis vitórias ( 98 a 92).

O zagueiro Edinho, que deu ao Fluminense o primeiro título da década de 80, com um gol de falta na decisão contra o Vasco, considera até hoje essa partida a mais importante da sua carreira. Ele espera que o time atual jogue com a mesma seriedade daquele que foi campeão.

\"Tenho ótimas lembranças dos confrontos com o Vasco. Quase sempre marcava gols. Mas aquele gol da decisão de 80 é o mais importante para mim. No primeiro jogo, o time entrou confiante de que poderia ganhar a qualquer momento e perdeu a concentração. Espero que jogue melhor agora\", disse.

Mas se depender do que aconteceu na virada para os anos 90, Edinho pode se decepcionar outra vez. Como num passe de mágica, tudo mudou. Com o Fluminense em franco declínio, o Vasco, organizado e com equipes mais técnicas, começou a incrível virada. Em nove anos, nos 44 jogos disputados entre as duas equipes, o time de São Januário venceu 22 e perdeu apenas oito, com 14 empates. Estava tirada a vantagem que o Fluminense tinha desde o início deste confronto.

Um jogo emblemático aconteceu na decisão da Taça Rio já em 1988. O Vasco, até então, nunca vencera uma decisão contra o Flu. Aos 38 minutos do primeiro tempo, Tato colocou os tricolores em vantagem. Na etapa final, com dois gols-relâmpago - Vivinho, aos 37, e Bismarck, aos 39 -, os vascaínos que estavam no Maracanã presenciaram o marco zero dessa mudança. Três anos mais tarde, em dezembro de 1991, o Vasco conseguiu uma seqüência invicta, que terminou apenas em junho de 1993, ano em que o Gigante da Colina se tornou bicampeão em cima do Flu. Nesta seqüência, foram dez jogos, com seis vitórias e quatro empates.

Em 94, a prova de que a supremacia tinha mudado de lado. Na decisão do Campeonato Carioca, o Vasco tentava o seu primeiro tricampeonato da história diante dos tricolores ainda sob os efeitos da morte de Denner, a grande estrela do time, que sofrera um acidente na Lagoa. Apesar de tudo, o time de São Januário não tomou comhecimento do adversário e com dois gols da estrela ascendente Jardel liquidou o Tricolor. Na arquibancada, os torcedores comemoraram em ritmo de funk: \"Tri, tri, o Vasco é tri. Tererê.\"

Mas não se esqueceu do ídolo que se fora: \"Ê, cafuné/ Ê, cafuné/ O Denner é mistura de Garrincha e Pelé\", gritaram os vascaínos com o 20º título estadual garantido.

Fonte: Jornal dos Sports
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