Estava tudo combinado entre clube e jogadores para a volta do Vasco aos treinamentos em São Januário. Horários das chegadas de funcionários e de diferentes grupos de atletas estavam previstos e seriam comunicados oficialmente nas últimas horas do dia, mas isso não aconteceu. O motivo? O departamento médico alegou aos jogadores não ter recebido resultados de exames (PCR) que considera importante para autorizar o retorno aos trabalhos dentro do clube.
A previsão inicial era a seguinte: funcionários chegariam pela manhã, e o primeiro grupo de atletas ingressaria no clube para treinar entre 14h e 15h. Com a alteração, a expectativa é de que o retorno aconteça na sexta-feira.
Rotina anterior à volta dos treinos no clube
Desde 4 de maio, após as férias forçadas por conta da pandemia do novo coronavírus, os atletas trabalham de casa em atividades orientadas e monitoradas por profissionais do clube. O retorno havia sido definido após a elaboração de um protocolo médico, da liberação por parte da prefeitura do Rio e da testagem de jogadores e funcionários do clube.
A volta do Vasco deve ocorrer em um momento de aumento do número de casos e de mortes no Rio. Na terça-feira, o estado bateu novo recorde de mortes registradas em 24 horas (256) e chegou ao total de 4.461 óbitos desde o início da pandemia.
Campello vê maior segurança em treinos no clube
Na sexta-feira e na segunda-feira, o Vasco fez exames nos jogadores (incluindo seus familiares e funcionários) e demais trabalhadores do clube. Além disso, o protocolo prevê uma série de medidas para diminuir a chance de contágio (veja abaixo).
- Com o protocolo, o nosso entendimento é de que damos mais segurança ao jogador do que ele tem em casa. Os jogadores fazem exercícios em casa, com auxilio de personal. Quem controla essas pessoas? Nós vamos testar os atletas, os familiares dele e alguns funcionários deles. E o que verificamos de cara nos exames? Não só no Vasco, mas isso é em todos os clubes. Identificamos que um funcionário de um dos nossos atletas estava contaminado. E a família do jogador não. Então, o que ia acontecer? Esse funcionário ia contaminar toda a família do nosso atleta. Com o controle, afastamos esse risco. Oferecemos ao atleta uma condição melhor do que ele tem em casa. O poder público não tem condições de oferecer isso - defendeu o presidente Alexandre Campello.
Veja como será o passo a passo do retorno no Vasco
Triagem: jogador, membro da comissão técnica e funcionário chegam ao estádio, em horário separado por grupos, em seus veículos e já vestidos para o treino. Antes de descer, respondem a questionário sobre eventuais sintomas e estado de saúde, inclusive de quem mora com ele. Têm a temperatura medida por termômetro infravermelho, o que evita o contato. Recebe kit individual para hidratação e suplementação.
Estacionamento e cabine: estaciona o veículo em área pré-determinada para evitar aglomeração. Ao descer, passa pela cabine de desinfecção. Ela é nos mesmos moldes das instaladas pela Prefeitura pelo Rio.
Treino: vai até o campo em área sinalizada e isolada, evitando o contato e sem passar pelo vestiário. O treino é individual e separado por grupos em espaço que prevê distância dos demais companheiros. No Vasco, o campo será dividido em cinco quadrantes, por exemplo. Como as refeições não estão liberadas, ao término do trabalho, retorna ao seu veículo.
Volta para casa: novamente sem passar pelo vestiário, vai até o seu veículo e se dirige para casa. Cada atleta já recebeu quantidade de uniformes para os treinos. Eles terão de ser lavados em casa.
Cremerj notifica médicos de clubes
Vale destacar que na noite desta quarta-feira o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) enviou carta notificando todos os médicos de clubes da Série A do Campeonato Carioca. O Cremerj é contra à volta dos clubes aos trabalhos nos Centros de Treinamentos.
Com todos os médicos notificados, a ideia é de que se abra um processo dentro do Cremerj contra aqueles que continuarem permitindo treinos em seus clubes.
- O Cremerj vai atuar especificamente em cima do médico. Se a gente tiver a notícia de que os treinos ou qualquer coisa do gênero vêm acontecendo, que estão expondo as pessoas aos riscos da doença, os médicos responsáveis vão ser enquadrados nestes artigos - afirmou Marcelo Erthal, conselheiro responsável pela Câmara Técnica de Medicina Esportiva do Cremerj.