E a proposta vinculante?
A sexta-feira do torcedor do Vasco foi tomada por essa dúvida. Existia a expectativa de que clube e 777 Partners arrematassem a redação do contrato definitivo para venda de 70% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o que não aconteceu e aumentou a ansiedade do vascaíno. O documento segue em fase final de conclusão e deve chegar às mãos da Comissão Especial do Conselho Deliberativo até o início da próxima semana.
A exatamente um mês para a abertura da janela de transferências, no entanto, a SAF do Vasco está com os prazos apertados. Pelo andar da carruagem, é grande a possibilidade de o martelo ser batido somente depois do dia 18 de julho - a janela fica aberta até 15 de agosto, vale lembrar.
Acaba na próxima terça-feira, dia 21, a exclusividade da 777 Partners, prazo combinado no memorando de entendimento assinado pelo presidente Jorge Salgado ainda em fevereiro e recentemente prorrogado por um mês. Os advogados de ambas as partes têm trabalhado exclusivamente para entregar o documento antes do fim desse período.
Com a proposta vinculante uma vez formalizada, entra em ação a Comissão Especial do Conselho Deliberativo. O grupo de 15 membros presidido por Roberto Duque Estrada, 2º vice-presidente Geral do Vasco, será responsável por emitir um parecer favorável ou não à venda de 70% da SAF do clube ao grupo americano. Eles terão até 15 dias (prorrogáveis por mais 10) para encaminhar o parecer ao conselho.
Se a 777 tomará ou não as rédeas do futebol do Vasco antes da abertura da janela, isso dependerá basicamente do tempo que levará a análise dessa comissão. A equipe, por sua vez, prega cautela para não deixar a urgência do assunto atrapalhar.
O parecer é o ponto de partida para as convocações da reunião no Conselho Deliberativo e da votação na Assembleia Geral de sócios. Por determinação do estatuto, é obrigatório haver o prazo de cinco dias entre a convocação e a realização da votação no CD. No caso da AGE, esse prazo é de 10 dias.
Embora a palavra final seja dos sócios (ou seja, a AGE deverá ser realizada com ou sem a aprovação do CD), não existe a possibilidade de haver convocações simultâneas. Portanto, a AGE só será convocada após o resultado da reunião no Conselho Deliberativo. São esses os principais prazos que o Vasco deverá respeitar a partir da oficialização da proposta vinculante:
Parecer da Comissão Especial - até 25 dias
Convocação do Conselho Deliberativo - 5 dias
Convocação da AGE - 10 dias
No caso da Assembleia Geral, antes da convocação final, o presidente Otto Carvalho ainda precisa conduzir a junta deliberativa, que analisa a situação dos sócios e fecha a lista dos que estão aptos a votar. Abre-se, a partir de então, um prazo de cinco dias para impugnação dos sócios e mais dois dias para análise das impugnações.
Esse processo, por sua vez, pode acontecer logo assim que chegar a proposta vinculante. Portanto, deve ser finalizado antes do parecer da comissão presidida por Duque Estrada.
Nos últimos meses, a diretoria tem mantido contato diário com a 777 Partners, que cedeu profissionais do Genoa para ajudar os cariocas com a análise de mercado. Johannes Spors e Sebastian Arenz, respectivamente diretor de futebol e head scout do clube italiano do qual a empresa também é dona, têm indicado atletas ao departamento de futebol vascaíno. Mesmo com o grupo americano assumindo o Vasco dentro do próximo mês, há cautela sobre o investimento imediato.
- Muita gente acha que a 777 vai entrar em julho, e o Vasco terá um supertime. Não é assim. Há dificuldades no mercado. Existem clubes com dinheiro e muita dificuldade em contratar. Não tem jogador disponível. E quem está se tornou muito caro, muito além do que vale. A maior dificuldade é não ter dinheiro? É. Mas quando se tem precisa de planejamento, metodologia e filosofia - disse o gerente de futebol Carlos Brazil recentemente ao ge.
- Não é o dinheiro que vai fazer que se tenha um time capacitado da noite para o dia, só com jogadores de qualidade. É preciso planejamento e organização para chegar ao objetivo final. É lógico que sabemos que, caso a 777 adquira o futebol, o clube terá um poder maior de investimento, o que é bom. Mas também não podemos criar a ilusão de que vamos criar um timaço da noite para o dia - completou o dirigente do Vasco.
O contrato prevê que a 777 invista R$ 700 milhões no Vasco dentro de três anos caso o time volte para a Série A no ano que vem. A empresa já cedeu R$ 70 milhões por meio de um empréstimo-ponte em março passado, e tem o compromisso de injetar outros R$ 120 milhões logo após a aprovação dos sócios em Assembleia Geral.