Adversário do Vasco nesta quarta-feira, às 21h50m, o Náutico não acredita na classificação para as quartas de final da Copa do Brasil. Como perdeu nos Aflitos por 3 a 0 e no fim de semana faz o segundo jogo da semifinal do Campeonato Pernambucano, contra o Sport, o time que vem ao Rio é formado por reservas e jogadores fora dos planos do técnico Roberto Fernandes, que deve ser substituído no banco por um velho conhecido de São Januário, o auxiliar Zé do Carmo.
O cenário parece armado para o torcedor vascaíno celebrar a vaga e o ídolo Felipe, que fará sua partida de número 300 com a camisa do clube, mas às vésperas de uma decisão contra o Flamengo, em que as atenções tendem a estar todas voltadas para o confronto com o rival, festa é um termo inconveniente e quase proibido.
- Gostaria que, nesse jogo, a equipe me desse de presente a classificação - pediu Felipe. - Temos uma boa vantagem, mas é bom respeitar para não sermos pegos de surpresa. Vamos pensar no Náutico e deixar o Flamengo para depois.
O discurso, apesar de tudo, soa excessivamente cauteloso quando até o adversário faz piada da própria situação.
- Nós somos realistas em saber que é muito difícil, mas quem sabe os caras não tomam um suco de maracujá e uma feijoada e nós vamos para cima? - brincou Zé do Carmo, campeão brasileiro pelo Vasco em 1989.
Felipe treina na véspera da partida. Ele jogará por apenas 45 minutos. Foto: Cezar Loureiro
Felipe só não foi capaz de negar que o jogo de hoje realmente tem algo de especial. Para o meia, a carreira vitoriosa e a condição de ídolo do Vasco foi um prêmio à persistência do pai, que o levava aos treinos desde criança. De sua geração, apenas ele e o amigo Pedrinho, que também marcou época no clube, chegaram ao time profissional. Quando pisar em campo, disse, vai se lembrar de cenas de uma trajetória que emociona:
- Tudo o que aconteceu faz com que eu valorize ainda mais a posição que ocupo hoje. Tem funcionário que está aqui desde que tenho oito anos, e me viu crescer.
Felipe vai jogar apenas 45 minutos. No segundo tempo, o técnico Ricardo Gomes lançará Fellipe Bastos no lugar do capitão. O mesmo deve acontecer na lateral direita, posição na qual começa jogando o atual titular, Allan, e na etapa final deve ser ocupada por Fágner, que reaparece no time recuperado de um problema no joelho que o deixou afastado por um mês.
Como a vantagem é bastante confortável - o time pode perder por até dois gols de diferença que fica com a vaga - Ricardo sequer vai relacionar o volante Rômulo, o atacante Alecsandro, ambos titulares, e o lateral Márcio Careca, que estão pendurados e se tomassem o terceiro cartão estariam fora do primeiro jogo das quartas de final. O caso de Diego Souza é diferente. Ele será poupado para se preparar melhor para a decisão da Taça Rio, contra o Flamengo. O meio-campo terá três novidades: Jumar, Eduardo Costa e Bernardo, que volta a ter uma chance desde o início. O ataque terá Élton e Éder Luís.
- Estamos pensando no melhor. A estrutura do time não muda - afirmou Gomes.