De único grande a não se classificado a semifinal de turnos do Campeonato Carioca a líder do Campeonato Brasileiro. O Vasco inverteu a lógica do que se esperava para a competição nacional e, até aqui, está com 100% de aproveitamento e na ponta da tabela da Série A.
O começo de temporada cambaleante, ainda sob o comando de Abel Braga, deixou a equipe cruz-maltina longe da disputa do título Estadual, conquistado pelo Flamengo. As atuações da equipe da Colina e os resultados obtidos não traduziam uma boa perspectiva para o restante dos compromissos do calendário.
Após a saída do treinador, em março, a diretoria apostou em Ramon Menezes, então auxiliar, que assumiu o time em meio à paralisação das atividades por conta da pandemia de coronavírus.
Sem poder de investimento e necessitando de reforços, deu ainda mais espaço a crias das categorias de base, como o zagueiro Ricardo Graça e os volantes Bruno Gomes e Andrey. Além disso, reintegrou o meia Bruno César e o lateral direito Claudio Winck, titular contra o Ceará.
Viu o argentino Martín Benítez, anunciado menos de um mês antes do surto da pandemia de Covid-19, desabrochar nesta retomada do futebol e formar boa dupla com Cano, que manteve a boa fase.
Identificado com o Vasco e com a torcida — fez parte de uma das gerações mais vitoriosas do clube — Ramon Menezes buscou, à base da conversa, passar o que entendia ser o melhor esquema de jogo.
"Sei que nesse momento o torcedor está empolgado. Eu sou um representante dele aqui. Passei momentos inesquecíveis aqui. Tenho orgulho. Então, eu agradeço aos jogadores por eles estarem fazendo o Vasco jogar como Vasco", disse.
O comandante indicou que deseja um time sólido defensivamente e com uma participação de todos nesta função. Contou ainda com um Fellipe Bastos que "renasceu" e vive momento artilheiro, com três gols e três jogos, figurando entre os goleadores do Brasileiro.
"A gente trabalhou muito desde o começo. Logo nas minhas primeiras conversas com os jogadores, eu mostrei o que pensava. O sistema defensivo começa lá na frente, com o Cano e o Talles. É trabalho, dedicação e entrega. Fico satisfeito que o sistema defensivo bate no peito e está segurando. É o Castan, o Ricardo, o Henrique, o Winck e com o Fernando Miguel falando muito. Eu sei que, por momentos, o adversário vai nos jogar para trás. Quer fazer com a gente o que fazemos com ele", ressaltou.
Fora das quatro linhas, houve o acerto com a Kappa, algo que mexeu bastante com a torcida. Foi vestindo o uniforme da fornecedora que o Vasco viveu, talvez, um dos últimos "grandes momentos" no que diz respeito às conquistas. Levantou duas edições do Brasileiro (1997 e 2000), uma Libertadores (1998), uma Mercosul (2000), um Rio-São Paulo (1999) e um Carioca (1998).