Uma troca de ofícios entre Alexandre Campello, Faués Cherene Jassus - conhecido como Mussa - e a Eleja Online é o mais novo capítulo do tumultuado processo eleitoral do Vasco. Ao responder a uma notificação do presidente do clube, a empresa contratada para realizar a votação online na Assembleia Geral Extraordinária da próxima terça-feira alegou que elaborou contrato com a pessoa física de Mussa, presidente da Assembleia Geral.
Tal fato foi questionado pelo clube, que diz haver irregularidade. A diretoria entende que, segundo o estatuto, apenas Campello, presidente da Diretoria Administrativa, poderia contratar qualquer empresa prestadora de serviço. Por conta disso, na segunda-feira, o mandatário registrou o caso na 17ª Delegacia da Polícia Civil.
Segundo o estatuto do Vasco, cabe ao presidente da Assembleia Geral, cargo ocupado atualmente por Mussa, comandar o processo eleitoral do clube. O ge não conseguiu contato com o presidente da AG.
No ofício de resposta à diretoria administrativa, Mussa alegou ter iniciado, mantido e finalizado tratativas com a empresa. E solicitou a sua contratação. Porém, ao responder ao mesmo questionamento, a Eleja Online informou que elaborou com Mussa um contrato preliminar, que recebeu dele as informações sobre a listagem dos sócios e que o Vasco deveria questioná-lo sobre demais dúvidas.
- O presidente da Assembleia Geral só apresentou um pedido para examinarmos o contrato e contratarmos a empresa após a nossa notificação. Essa situação carece de regularização. Não se trata de querer inviabilizar a AGE. A nossa preocupação é uma contratação indevida e o uso indevido da base de sócios do clube e da sua imagem. De quem surgiram essas informações? Amanhã ou depois, de posse dos dados dos associados, se alguém faz algo ilegal, quem responderá será o Vasco - disse o vice jurídico do Vasco, Rogério Fernandes Peres, para completar:
- Tomamos as medidas de precaução para responsabilização. Fomos à polícia e notificamos todo mundo. Talvez, lá na frente, possamos entrar com ação por uso indevido de imagem do clube. O que precisa ficar claro é que o Vasco não tem contrato e nenhuma relação com a Eleja Online.
Atualmente, no Vasco, a contratação de qualquer empresa deve ser feita pelo setor de compras do clube. É um processo que passa por tomada de preço, avaliação do departamento jurídico e debate em reunião do conselho de gestão.
A troca de ofícios
Em 31 de julho, após Mussa informar que convocaria a AGE para análise por parte do associado da reforma do estatuto e da eleição direta, Campello enviou o primeiro ofício. Quis saber do presidente da Assembleia Geral se ele pretendia obter autorização das autoridades sanitárias para realizar o evento de forma presencial e quantos funcionários e equipamentos precisaria para tal.
Mussa, no dia 14 de agosto, revelou o edital de convocação da AGE, no qual informou que a votação não seria presencial (por conta da pandemia do novo coronavírus) e que o associado deveria se cadastrar no site da Eleja Online. Mesmo sem resposta, Campello enviou novo ofício questionando a contratação da empresa no último dia 17 de agosto. Tanto a Mussa quanto a empresa. E aí vieram as respostas diferentes no dia 18.
Na minuta do contrato enviada por Mussa ao Vasco, o valor da contratação da empresa foi revelado. São R$ 56,8 mil.