O Vasco anunciou na noite de quinta-feira que faz parte de um terceiro bloco pela formação de uma liga no futebol brasileiro, junto a Botafogo, Coritiba e Cruzeiro, outras três SAFs. Politicamente, trata-se de um movimento ousado e que terá seu desenrolar conhecido nas próximas semanas. Enquanto isso, o cruz-maltino vê no acordo um alívio na questão financeira: ao assinar com o fundo de investimentos americano Serengeti e com a gestora Life Capital Partners, será mais um a receber grandes pagamentos pelos seus direitos comerciais.
O acordo, válido por 50 anos, dá aos investidores a participação em 20% nos lucros do que o Vasco negociar desses direitos a partir de 2025. O cruz-maltino receberá R$ 212 milhões.
Durante a rodada de negociações dos clubes do movimento Forte Futebol, que conversaram com a Serengeti, ficou acertado que o formato de pagamentos seria em três parcelas, uma de 50% em até 60 dias a partir da assinatura e outras duas de 25% em um ano e um ano e meio, respectivamente. Há ainda a possibilidade de solicitar o adiantamento de 40% dessa primeira parcela para serem pagos em até cinco dias, o que o Vasco deve fazer.
Na prática, pouco mais de R$ 42 milhões chegariam de forma imediata aos cofres do Vasco em plena janela de transferências. Isso pode significar que a situação do clube no mercado melhorará? Sim. Significa que o diretor Paulo Bracks terá um orçamento de R$ 40 milhões? Não.
Se o Vasco solicitar o adiantamento, a tendência é que o dinheiro tenha o mesmo destino dos aportes que a 777 Partners vem fazendo no clube: dividido entre valores de operação, administrativos e do futebol de fato. Mas isso não quer dizer que uma fatia generosa não possa ser direcionada ao futebol.
Valores de operação
Vale lembrar que o primeiro balanço da SAF do clube, divulgado em abril, apontou valores de cerca de R$ 54 milhões em operação no período entre agosto e dezembro de 2022. Mais R$ 34 milhões em despesas administrativas. Ou seja, só para funcionar como clube de futebol, o Vasco teve despesas na casa dos R$ 88 milhões em quase cinco meses (na média, R$ 17,6 milhões mensais). Uma conta que cresceu de lá para cá com o aumento da folha salarial.
É por esse motivo, e para evitar contrair novas dívidas e criar uma nova "bola de neve", que a direção dilui qualquer valor recebido entre vários fatores além do investimento no elenco. Por outro lado, o mesmo balanço aponta a permanência na Série A como um dos fatores primordiais para o modelo de gestão do clube. Há também um aporte de R$ 120 milhões da 777 previsto para setembro.
Portanto, com o futuro próximo mais favorável nas finanças, a tendência é que uma porcentagem além do previsto vá para o futebol. Até agora, o Vasco calcula investimentos. Nas negociações por Lyanco e Rodrigo Zalazar, tentou operações que envolviam empréstimos e valores mais baixos e teve dificuldades. Só na proposta de 3 milhões de euros enviada ao Schalke 04 pelo uruguaio, o clube gastaria quase todo o orçamento dessa janela, cenário que deve mudar: com a entrada de novos recursos, haveria maior liberdade de "ataque" nas negociações.