Capacidade de investimento alta em 2024 e liderança administrativa no futebol brasileiro em 2030. Essas foram as metas ousadas do Vasco estipuladas nobalanço financeiro divulgado na última terça-feira (30). Para isso, porém, uma severa política de austeridade precisa ser seguida à risca, e o desafio será conter o descontentamento cada vez maior da torcida com os resultados ruins em campo fruto das equipes tecnicamente limitadas que têm sido montadas recentemente.
A segunda derrota consecutiva no Campeonato Brasileiro, que colocou o time na lanterna da competição, ligou o alerta sobre a possibilidade de uma nova briga contra o rebaixamento. A princípio, no entanto, a diretoria segue sem querer trocar os pés pelas mãos no quesito reforços para a equipe.
Presidente do clube, Alexandre Campello, todavia, está cada vez mais pressionado por resultados. Foi assim, por exemplo, na saída da reunião do Conselho Deliberativo na última segunda-feira, na sede náutica do clube, quando foi "enquadrado" por integrantes de uma organizada, cobrado pela saída do diretor-executivo, Alexandre Faria, e também pelos desempenhos ruins não só no futebol como também no basquete - onde quase foi rebaixado no NBB - e no remo, esporte tradicional e que deu origem ao Cruzmaltino.
O dirigente, por sua vez, argumentou a falta de dinheiro para maiores investimentos. Nessa linha de corte de gastos, por exemplo, sinalizou com orgulho o que chamou de "maior superávit do Brasil", em referência aos R$ 64 milhões apontados no balanço financeiro auditado pela empresa "BDO". No quesito "redução de dívidas", R$ 93 milhões a menos são destacados no documento.
A princípio, não esperem por grandes contratações
A grande dúvida é: Campello conseguirá conviver com pressão por resultados mantendo a política de austeridade? Se for seguir a cartilha do balanço, será obrigado. O documento, por exemplo, prevê explicitamente, a partir de sua página 8, que até 2020 o clube terá que:
- Reduzir gastos de toda ordem (inclusive no futebol, em um primeiro momento);
- Aumentar receitas com sócios, bilheteria, patrocínios e licenciamentos (PS: algo que vem tendo certa dificuldade para conseguir até o momento);
- Arrecadar com vendas de atletas (PS: algo que foi bem em 2018 impulsionado pela venda de Paulinho para o Bayer Leverkusen, mas que dificilmente se repetirá em 2019)
- Renegociar de forma justa e com respeito ao fluxo de caixa do Clube para com os credores.
Aumento do investimento somente a partir de 2020
Ainda segundo a cartilha elaborada pelo departamento financeiro, o aumento de investimento no futebol só passará a acontecer a partir de 2020 caso o clube consiga cumprir as metas estipuladas para 2019. A ideia, segundo o balanço, é que em 2024 os níveis de investimento do Vasco "já se encontrem permanentemente entre os 5 (cinco) maiores orçamentos do futebol brasileiro".
Liderança no futebol em 2030
O balanço financeiro do Vasco prevê que o clube volte a se tornar uma liderança nacional até 2030. O documento destaca: "Até 2030, o Vasco da Gama deve possuir uma das 3 (três) mais sólidas estruturas econômico-financeira do futebol brasileiro, a melhor performance esportiva e ter sucesso na plena internacionalização da marca".
Clube procura treinador e tem diretor pressionado
Alexandre Campello e Alexandre Faria (diretor-executivo) observam treino do VascoImagem: Rafael Ribeiro / Flickr do Vasco
O técnico Alberto Valentim não resistiu às cobranças e acabou demitido após perder o título carioca para o Flamengo. Em seu lugar, de maneira interina, Marcos Valadares, do sub-20, assumiu, e entre os treinadores que o clube sondou, com nenhum ainda teve avanço.
Jorge Jesus, Dorival Júnior e Diego Aguirre dão prioridade ao exterior. Dunga, que interessa mas ainda não foi contatado, é caro e tem seu retorno à beira do campo considerado difícil.
Enquanto isso, o diretor-executivo de futebol, Alexandre Faria, está cada vez mais pressionado interna e externamente. Para muitos, mesmo sem muitos recursos, o Vasco poderia ter montado um time mais competitivo, citando o exemplo de outras equipes com folha salarial menor que o Cruzmaltino, como é o caso do Athletico-PR.
O dirigente, por enquanto, segue contando com a confiança de Campello, que acumulou a vice-presidência de futebol e costumeiramente também dá pitacos e age no setor.
Faria está no clube desde junho do ano passado.