Irritado após a partida, o presidente Eurico Miranda não quis dar entrevistas depois da derrota para o Coritiba. Mais pressionado ainda, o dirigente comanda neste domingo reuniões para a definição do novo treinador. E tenta administrar o pedido de membros da diretoria e conselheiros para que faça reformulação completa no comando do futebol. Antigo aliado de Eurico, José Luis Moreira, vice-presidente de futebol, e Paulo Angioni, gerente de futebol, são os alvos do grupo de insatisfeitos.
Se a saída de Celso Roth acalma minimamente a diretoria, que já cobrava a saída do treinador, pelo menos, desde a derrota para o Corinthians, há três rodadas, o pedido pela cabeça da direção do departamento de futebol pode não ser tão efetivo. Além da relação pessoal que tem com Eurico, José Luis Moreira é um dos vascaínos que mais contribui financeiramente para o dia a dia do clube e no departamento de futebol. E José Luis tem em Angioni um fiel escudeiro. Os dois seguraram Celso Roth, ao lado de Eurico.
O racha no departamento de futebol é claro e chega até os jogadores, que ficam no meio da divergência de métodos e da disputa de poder e influência no futebol. Eurico se reuniu com dirigentes e ouviu que era preciso trocar os responsáveis pelo departamento. Há críticas pela falta de movimentação no mercado e até de comando no futebol. O que daria mais força ao filho Eurico Brandão, que se não bate de frente discorda do estilo da dupla que chefia o futebol. Há quem avalie que Roth só não caiu antes para não esvaziar José Luis, que indicou o retorno do treinador.
Nas arquibancadas e nas redes sociais, a rejeição a Eurico Miranda aumenta a cada dia de crise intensa do Vasco. Após reações tímidas e protestos de poucos torcedores em São Januário - que acarretou na suspensão de três sócios por invasão de propriedade, segundo alegação da diretoria -, vascaínos em coro xingaram o presidente do Vasco no Maracanã.
A movimentação política em torno da crise vascaína também é crescente. O grupo Frente de Oposição Vascaína divulgou nota oficial em que sobe o tom nas críticas ao presidente. O texto fala em diretoria "desmoralizada" e questionam as punições recentes a associados. No documento, a oposição fala em covardia de Eurico - no momento da demissão de Celso Roth, que foi comunicado da saída por José Luis Moreira - e cita poderes coniventes com o "Rei Sol", como o presidente se autodenominou em coletiva de imprensa recente.
- Com suas bravatas, o presidente expõe jogadores, clube e torcida à chacota, escondendo-se covardemente atrás da instituição. O poderoso dirigente que com mais uma bravata garantiu não demitir o ultrapassado treinador envia seu VP de Futebol para enfrentar jornalistas no momento da demissão. O mesmo VP de Futebol, José Luis Moreira, que desembarcou com o time sob protestos da torcida e cusparadas, enquanto, mais uma vez, o presidente e seus filhos desaparecem nestes momentos - diz um trecho da nota oficial.
A Frente de Oposição Vascaína também questiona a ausência de atas protocoladas na secretaria e ataca também a "a nomeação informal de pessoas para gerir o futebol", referindo-se a Álvaro Miranda, na base, e Euriquinho, no profissional.