Há uma incógnita sobre os ares de São Januário: quais são as pretensões da diretoria do Vasco para a equipe na temporada? No cenário atual, em relação às opções disponíveis no elenco e ao perfil dado pelo treinador, a sensação é de que o time não tem condições de apresentar muito mais do que produziu na sequência das quatro partidas mais recentes, que vai da última vitória cruz-maltina, contra o Sport (3 a 1) há 11 dias, até o empate de ontem, em 0 a 0, com o Lanús, pela Sul-Americana — o retrospecto inclui também uma derrota para o Ceará (2 a 1) e um empate com o Flamengo (0 a 0) valorizado pela boa atuação, sólida defensivamente e com direito à bola na trave.
— Repetição de trabalho (o que pode fazer a equipe evoluir). Não adianta falar ou reclamar do calendário, porque é isso que nós temos. Nós não fizemos nada de treinar ou repetir movimentos do jogo contra o Flamengo para cá. Não tem como, né?! Então é o entendimento nosso da comissão com os atletas para que possamos ter os resultados positivos que o Vasco merece — avaliou Fábio Carille em relação ao que pode fazer a equipe melhorar.
Se em sete jogos em São Januário foi a primeira vez que Carille não venceu, isso não foi suficiente para poupá-lo das vaias e dos xingamentos. Apesar da irritação da torcida com o resultado e com o treinador, não dá para dizer que o Vasco não buscou a vitória. Dentro de suas claras limitações — como a dificuldade de fazer a bola passar com qualidade pelo meio-campo para chegar às laterais, onde costuma levar mais perigo aos adversários —, o time forçou bolas nos homens de canto, como Paulo Henrique, pela direita, e Nuno Moreira, pela esquerda, mas não conseguiu superar o competente sistema defensivo do Lanús.
— Se as vaias e xingamentos aconteceram quando ganhamos, não poderia esperar diferente com empate ou derrota em casa. Não tem nada de diferente ou absurdo. É normal — comentou o técnico.
A solução até poderia passar por Philippe Coutinho. Afinal, o camisa 11 é o jogador com maior capacidade para fazer algo diferente em campo. No entanto, em noite de pouca inspiração, nem ele nem Vegetti, que não recebeu uma boa bola sequer dos companheiros, foram capazes de levar o time à vitória.
— É muito importante somar pontos, principalmente em casa. Agora, teremos que brigar pelos pontos fora. Teremos que ganhar se quisermos nos classificar — disse o meia sobre o Vasco, segundo no grupo com os mesmos cinco pontos do líder Lanús.
Por isso, o que fica da partida é o questionamento em relação aos objetivos do Vasco para 2025. Se a ideia é passar uma temporada sem sustos, provavelmente isso passa por manter o status quo: continuar sem ceder à pressão dos torcedores pela demissão de Fábio Carille e permitir que o treinador siga com o que tem conseguido evoluir: a parte defensiva (o Vasco chegou ao segundo jogo consecutivo sem levar gols) e o ataque concentrado em Vegetti.
Se a ideia é brigar por títulos como o da Sul-Americana, será preciso repensar o que a equipe tem entregue não só taticamente, mas também tecnicamente. Hoje, o Vasco é um time que corre, se dedica, mas que pouco consegue apresentar em termos de qualidade de jogo. A avaliação será, então, se isso passa pelo comando técnico ou pela carência de jogadores capazes de entregar isso dentro de campo.