Quem acompanhou o último dia de Martín Benítez no Vasco tem uma certeza: ele queria muito ficar no Vasco. O argentino se emocionou e chorou na despedida de jogadores e funcionários e foi embora com os olhos marejados. Deixou claro que desejava permanecer. Sem acordo com Independiente, o clube oficializou nesta quinta, véspera de Natal, a saída de seu camisa 10.
A relação de nove meses chegou ao fim sem um final feliz para ninguém. Vasco e jogador desejavam um casamento duradouro, e o Independiente planejava vender o argentino por cerca de R$ 20 milhões, como acordado com Alexandre Campello, em novembro. O acerto foi desfeito por conta da sucessão presidencial.
Apenas 30 minutos com a torcida
Benítez e Vasco tiveram uma relação atípica, em um ano estranho. É quase consenso entre os torcedores que o camisa 10 não é craque, mas todos entendem a importância do meia. Ele era uma espécie de oásis na criação do time, carente de jogadores diferenciados no setor.
A identificação com o torcedor foi grande, mas o curioso é que Benítez e os vascaínos pouco conviveram. Foram apenas 30 minutos, em sua estreia contra o Goiás, pela Copa do Brasil. A noite ainda foi marcada por brigas na arquibancada e vaias ao time. Na sequência o argentino atuou apenas em jogos com portões fechados por conta da pandemia de Covid-19.
Mais foi assim, em um ano em que o isolamento social deu o tom, que Benítez e vascaínos se apaixonaram. Pela televisão, os torcedores se encantaram, enquanto o meia recebia carinho de longe pelas redes sociais. Deixa o Vasco, após nove meses, sem ter o nome gritado pela torcida em São Januário.
Golaço, lesões e parceria com Cano
Como dito anteriormente, Benítez não é craque, mas é muito bom jogador. Seus números, por exemplo, não enchem os olhos. Foram apenas dois gols em 26 jogos. Um deles, no entanto, ficou marcado. Foi de bicicleta, após belo domínio no peito, contra o Atlético-MG, no Mineirão. Lance mais marcante de Ben10 com a camisa do Vasco (veja no vídeo acima).
Talento, portanto, Benítez provou ter, mas deixa a sensação de que faltou uma sequência maior. O argentino conviveu com problemas físicos que o tiraram de vários jogos. No Brasileirão, por exemplo, ficou fora de oito partidas. E foi justamente um problema na panturrilha que impediu sua despedida em campo. O edema, que já o tirou no jogo contra o Santos, antecipou o adeus do camisa 10, uma vez que ele também não tem condições de enfrentar o Athletico-PR, no domingo.
Além das lembranças de bons momentos em campo e do carinho da torcida, Benítez deixa um grande amigo em São Januário. Durante nove meses, seu compatriota, German Cano, foi inseparável. Os dois, que se conheceram nesse ano no Vasco, formaram uma bonita parceria dentro e fora dos gramados, com inúmeros churrascos e passeios com os familiares.
Cano vai sentir falta, assim como boa parte da torcida vascaína já está com saudades de seu camisa 10.